Conflito Identitário II
Já que estamos na Páscoa, aproveito para escrever a segunda parte do “Conflito Identitário”, afinal de contas as lavagens cerebrais não se limitam a omitir a existência dos galaicos, tentando associar de forma ridícula a cultura castreja do noroeste peninsular aos Lusitanos.
Aqui no norte as tradições chamadas de mouros, são na realidade pagãs, os vassalos de Lisboa e do Vaticano intrometeram sub-repticiamente a palavra mouros nas nossas ancestrais tradições formadas muitos milhares de anos antes da invasão dos mouros, e não o fizeram ingenuamente.
As construções com o nome de “mouros” no norte de Portugal surgem até em locais onde não chegou sequer a sombra da dominação árabe ou berbere.
Ao mundo ante-cristão pertencem sem dúvida as Fontes, Penedos, etc que foram posteriormente chamadas de mouras. É impossível deixar de ver neles as Fontes, Lápides, Saxa, cuja adoração provocava a indignação do concílio Bracarense.
Assim os monumentos atribuídos aos mouros a norte do Douro não só estavam em ruínas muito antes da aparição dos mouros, mas as tradições, que neles se localizaram, ou nunca se formariam, ou datam necessariamente do dia em que o paganismo, deixando de ser uma realidade, começou a entrar na sua elaboração lendária.
Pagão era, como se sabe, a denominação favorita, dada pelos cristãos aos religionários que eles vieram destronar. Ora que este nome não somente estava em uso ao tempo da invasão dos árabes, mas que foi, conjuntamente com o de mouros, transferido para os árabes.
Com esta identificação anacrónica entre árabes e pagãos, os “portugueses” conseguiram que a reminiscência do laço étnico, que prendia os construtores dos antigos monumentos da Gallaecia aos seus subsequentes habitantes, ficasse completamente deturpada, e por incrível que pareça conseguiram que a deturpação durasse até hoje.
Eu obviamente considero isto totalmente deplorável, e não aceito sequer que o Portugal Cristão tivesse o direito de manipular a memória do nosso povo desta maneira. Eu aceito que inventem milagres em Batalhas de Ourique, mas adulterarem o nosso passado desta maneira é verdadeiramente um crime que nós, os nortenhos, devemos desmascarar.
Concebe-se pois uma época, em que os pagãos galaicos, esses fautores duma civilização destruída e amaldiçoada, que se sumiram no nada sem deixar representantes, nem, ao que parecia, descendentes, comecem a desenhar-se no vago do passado, como um povo, a todas as luzes estranho ao povo "português".
Contra a indiferença, com que infelizmente a tradição popular deixou cair no esquecimento as nossas origens étnicas, temos a manutenção ainda hoje por toda a Gallaecia de manifestações pagãs que o cristianismo apesar de tudo não conseguiu eliminar.
O povo não distingue a entidade histórica, que construiu os castros e as sepulturas, da entidade mítica que na noite de S. João sai do centro dos penedos, etc, umas e outras têm o mesmíssimo carácter.
Realmente histórica é a memória do nosso povo, hostil ao Cristianismo, que deixou inumeráveis vestígios da sua existência nos mil monumentos em ruínas dispersos pela Gallaecia, os pagãos.
Ainda sobre mouros, para além destas nojentas manipulações é importante não esquecer que Pelayo era um homem do noroeste peninsular, o seu pai tinha sido morto em Tuy por Vitiza, e até por isso Pelayo não morria de amores pelo poder visigótico. Aquando da invasão islâmica ele esteve envolvido em varias revoltas na Gallaecia sendo capturado por Abde Alazis, mas conseguiu escapar. Aqui surge um problema histórico, e devido à existência de um hiato de vários anos após esta fuga de Pelayo, vários historiadores inclusive portugueses defendem que Pelayo passou este período no norte de Portugal e na Galiza e não nas Astúrias como é propagandeado pelos Castelhanos. Existem razões lógicas para esta tese, Pelayo era desta região e conhecia-a bem, para alem disso existe um FACTO histórico frequentemente omitido que demonstra que as Astúrias nessa altura eram dominadas pelos Mouros, e que os árabes tinham a sua guarnição em Oviedo, para alem disso o historiador árabe, Ibne Idari referiu que o local de refugio de Pelayo e dos seus poucos seguidores foram as montanhas da Galiza.
Para finalizar, a crónica de Alfonso III diz claramente que a conquista das Astúrias foi feita pelos homens vindos de oeste, e que os homens de Pelayo eram Suevos e não Visigodos.
O certo é que o primeiro rei das Astúrias foi Alfonso I, em 739/740 e aí já Braga,Chaves e Porto pertenciam ao reino do norte como está documentado nas cronicas cristãs e muçulmanas.
Fotografia duma Suástica flamejante (de 9 braços), encontrada, em 1887, próximo do Castro de Avelãs em Trás-os-Montes
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