quinta-feira, janeiro 26, 2006

Universidade do Minho ensina Galego

“É possível cientificamente afirmar a existência de uma maior relação de identidade entre as falas do Norte de Portugal e as da Galiza. Acontece que as características das falas do Norte de Portugal, em muitos casos coincidentes com as das falas galegas, estão a perder terreno em favor da variante lisboeta, mais distante da variante galega. Exemplificando na variedade linguística própria do Norte de Portugal e em toda a Galiza não se estabelece distinção fonética ente o "b" e o "v". Na actualidade, assistimos no Norte de Portugal a uma extensão desta distinção, própria do Sul, distanciando assim a língua galega e o Português do Norte.”

Fonte: JN de 26/01/2006

http://jn.sapo.pt/2006/01/26/minho/aprender_galego_universidade.html

Óptima iniciativa da Universidade do Minho, afinal de contas o romance galego-portugues foi a nossa língua comum, e deixou de o ser por culpa do processo de “arabização” linguística que ocorreu em Portugal devido à expansão para sul. Em relação ao desaparecimento da variação linguística do norte de Portugal, tal deve-se à política repressiva imposta pelos governos de Lisboa, enquanto que o governo espanhol permite que o Galego seja protegido pelo governo da Galiza, em Portugal a língua falada a norte do Douro é fortemente reprimida, ao ponto de associarem os indivíduos que a utilizam com pessoas sem formação e de baixo nível social e cultural. As zonas do Porto onde a língua é mais “pura” são as zonas tipicas, habitadas pela classe baixa, já que a classe media/alta tenta imitar o “lisboetês” a todo o custo. As televisões também são responsáveis pela imposição da variante lisboeta.

Por exemplo o nome deste blogue escreve-se “legião”, no entanto qualquer portuense que não sofra as influências da variante lisboeta diz “legiom” tal como os Galegos. Qualquer galego ou portuense diz “legiom inbicta” no entanto ninguém escreve assim, e mesmo oralmente todos evitam faze-lo. E contra mim falo. Claro que a língua galega actual também já foi influenciada pelo castelhano, no entanto ao menos lutam por preserva-la perante as pressões de “lusistas” e de “castelhanos”.

Ao menos os nossos irmãos transmontanos de Miranda do Douro foram mais perspicazes, sentiram o perigo e defenderam a sua variante Astur-Leonesa, nós aqui no Porto nada fazemos… e não podemos colocar as culpas apenas em “Lisboa” pela nossa inacção.

A nossa cultura e as nossas tradições têm que ser preservadas!

Finalizo com um excerto do lisboeta Fernando Pessoa retirado da obra “Da Ibéria e do Iberismo”

"Nós Ibéricos, somos o cruzamento de duas civilizações - a romana e a árabe.
Somos, por isso, mais complexos e fecundos...
Vinguemos a derrota que os do Norte infligiram aos Árabes nossos maiores.
Expiemos o crime que cometemos, ao expulsar da Península os árabes que a civilizaram"

Podia falar aqui da ascendência judaica de Pessoa, mas nem vou entrar por aí, apenas relembro que não foram os árabes que nos civilizaram, e que Fernando Pessoa deveria falar pela Lusitânia,pelo Al-Garve,por Lisboa ou por Granada,não fale pela "Iberia" porque nós aqui no Porto nunca tivemos mourarias! Futuramente escrevei outro post sobre este assunto abordado por Pessoa.