D. Afonso Henriques não pode servir de exemplo
Num blogue recentemente criado, Mendo Ramires sugere (e mal) que D. Afonso Henriques seria a pessoa ideal para tratar de assuntos de árabes e judeus.
Reparem que D. Afonso Henriques escolheu o judeu Yahia Ben Yahia para o cargo Ministro das Finanças, sendo também este judeu responsável pela colecta de impostos no recém-criado reino. Em relação a muçulmanos D. Afonso Henriques permitiu que os mouros permanecessem no território português, ao contrário do que era habitual no Reino de Leão ou da Galiza, Peres de Trava por exemplo era partidário de repovoar as terras a sul de Coimbra com galaicos, algo que D. Afonso Henriques não fez, permitindo que os mouros continuassem a residir nas terras recém-conquistadas a sul do Mondego, os mouros dedicaram-se às actividades agrícolas na região centro-sul do novo reino e os judeus ficaram com a parte financeira, claro que com os judeus a tratarem-lhe da parte financeira D. Afonso Henriques ficou com uma imensa fortuna.
Quando Santarém foi reconquistada (1147), já havia nesta cidade uma comunidade judaica com sinagoga própria, considerada a mais antiga do país.
Portugal na altura da sua criação pouco se importou com as diferenças religiosas ou étnicas da sua população. D. Afonso Henriques outorgou aos mouros forros uma carta de fidelidade (amizade) e segurança. Nela se lhes assegurava a liberdade aos muçulmanos, era garantido que nenhum dano sofreriam e que a nenhum cristão seria reconhecido o direito de os maltratar, ao contrário do que sucedia nos outros estados europeus. Essa Carta de segurança de 1170 proibiu quer os cristãos quer os judeus de maltratarem os mouros da região de Lisboa.
Agora cada um que tire as conclusões que quiser!
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