Garrano, o cavalo da Callaecia
O Garrano provem duma raça muito antiga presente na Callaecia (Norte de Portugal e Galiza) desde a pré história, como se pode ver nas pinturas da era Paleolítica. Estes cavalos, depois cruzados com os pequenos cavalos dos Celtas, evoluiram para o cavalo do tipo Celta tal como o conhecemos hoje, com uma cabeça de perfil recto ou côncavo, pequeno, bem adaptado às zonas frias e húmidas das montanhas. O Garrano, propriamente dito, é a mais antiga raça por entre as raças irmãs celtas do Norte da Península Ibérica, nomeadamente o Cavalo do Monte da Galiza, o Asturcón das Astúrias ou o Potrok Basco.
A palavra garrano deriva da raiz indo-europeia "gher", que significa "baixo, pequeno" e que originou a palavra "guerran", a palavra Galesa que significa cavalo. Na Inglaterra usa-se a palavra pónei; na Irlanda "gearron"; na Escócia "garron" e em Portugal ‘garrano’.
O meio em que vivem os garranos é realmente especial. No Geres ainda crescem fetos gigantes (2 metros de altura), iguais aos que se vêem nos fosseis da época glaciar - o único local do planeta onde ainda existem.
Ao contrário do Lusitano esta raça não foi seleccionada pelo homem ( os cavalos Lusitanos da Coudelaria Nacional são o resultado do cruzamento de éguas andaluzes com garanhões árabes) , foi moldada pelo meio ambiente ao longo dos séculos. Os garranos ainda são caçados pelos lobos que vivem a sua vida selvagem na zona montanhosa que vai do noroeste de Portugal até à Galiza.
Em 1993, a Comunidade Europeia e o estado português uniram-se para preservar a raça. A maioria deles vive no Parque Nacional do Peneda - Gerês. Sem duvida que a raça está ameaçada. Nas últimas décadas os criadores começaram a libertar no monte outras raças de cavalos. O resultado foi inevitável - os garranos puros começaram a rarear.
Uma vez por ano alguns dos poldros são capturados e vendidos para vários fins; carne, cavalo de sela e atrelagem uma vez que já não são utilizados para a agricultura. O cruzamento com outras raças não é bem visto de forma a poder-se manter o seu património genético.
Todos os garranos são submetidos a testes de DNA à nascença para assegurar a sua ascendência, antes de serem registados nos Livros de Origens.
Nos locais onde podem ser encontrados os exemplares mais puros (regiões montanhosas do Alto Minho, Trás-os-Montes e Galiza), criados em regime de liberdade e num estado semi-selvagem, verifica-se uma perfeita concordância da sua morfologia com a caracterização da raça.
Durante milénios, o Garrano prestou um serviço inestimável às populações rurais do Norte de Portugal.
Com o desenvolvimento dos meios de transporte, vias de comunicação e máquinas agrícolas, a importância e o peso do Garrano diminuiu bastante. Contudo, na sua região de origem, ele continua a ser utilizado em tarefas agrícolas pelo facto da propriedade rústica ser de pequena dimensão e possuir um declive acentuado.
Se estiverem interessados, poderão ver manadas em liberdade na Serra do Gerês mais propriamente em Cabril. Actualmente estão registados cerca de dois mil indivíduos - 1500 adultos e 500 poldros - dispersos por dezassete concelhos nas províncias do Minho e Trás-os-Montes.
Principais Fontes:
http://www.equisport.pt/gca/index.php?id=86
http://www.ecotura.com/Garranos.htm
Já agora deixo aqui também um interessante link galego, onde ironizam com a tentativa Salazarista de misturar Garranos com outros cavalos portugueses de pureza mais do que duvidosa, quando na própria Serra do Xurez (parte do Geres que pertence a Espanha) existiam garranos com um grau de pureza elevada.
Com tais politicas, e apesar de ser um cavalo celta, grande parte dos garranos estará já contaminado com sangue árabe ou ibérico. Será que ainda é possível preservar uma elite de garranos puros?
http://www.agal-gz.org/modules.php?name=News&file=article&sid=2353
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